Segundo o IBGE, as famílias com até 2 salários gastam 61% do orçamento com alimentos e habitação. Com a disparada dos preços dos alimentos, mais do que nunca os brasileiros precisam focar no seu orçamento doméstico, desenvolvendo um planejamento financeiro para evitar cair no endividamento.

As famílias com vencimento líquido de até dois salários mínimos (R$ 1.908) comprometem uma parte maior de seu orçamento com alimentação e habitação, ou seja, por mês essas famílias gastam em média R$ 1.163,88 com esses itens. A questão é que, com o aumento exacerbado do preço dos alimentos, para muitas famílias essa conta não vai fechar. A fim de manter as necessidades básicas da casa, alguma conta deixará de ser paga ou então terão de recorrer ao cartão de crédito ou cheque especial, onde os juros cobrados são abusivos.

Outra pesquisa alarmante da Confederação Nacional do Comércio aponta que 67% das famílias estão endividadas.

Para não cair nessa armadilha, veja estas dicas que certamente vão ajudar muito a organizar sua vida financeira e ultrapassar esse momento de crise de uma forma mais tranquila. Se você ainda não se deu conta, a hora da mudança chegou!

Dica 1 – Conheça suas receitas e despesas

Não faz parte da cultura do brasileiro fazer o orçamento doméstico, ter um planejamento financeiro. Como alguém pode decidir comprar qualquer coisa sem planejamento? Ter tudo anotado, quais são suas despesas fixas e variáveis, ter a informação detalhada de quando terminam as compras parceladas, empréstimos, financiamentos. Essa história de viver um dia após o outro, sem planejamento, não rola nem permite que a família tenha qualidade de vida.

Dica 2 – Corte os gastos sem sentido

Ah, eu não tenho mais nada para cortar no meu orçamento. Será? Assim que passar a anotar todas as suas despesas, você saberá exatamente aonde estará indo cada centavo. E eu tenho certeza absoluta de que vai encontrar alguma coisa que poderá ser eliminada. Lembre que você agora está gastando mais do que deveria com alimentação, aumentou seu custo de vida; é preciso fazer uma adequação urgente. Revise contas de celular, roupas, eletrônicos, assinaturas que não fazem sentido. Não tenha dó de cortar o que não usa.

Dica 3 – Alimentação fora de casa

Alimentar-se fora de casa com os preços dos alimentos nas alturas não é permitido. Conheço pessoas que gastam boa parte do orçamento comprando comida com aplicativos. Quando chega a fatura do cartão no final do mês, é aquele susto. Se liga! Você está prejudicando sua saúde física e a financeira também. Você sabia que agora é chique levar marmita?

Dica 4 – Elimine as compras por impulso

Na minha casa temos o hábito de um consultar o outro antes de comprar qualquer coisa. Assim, conseguimos um controlar a ansiedade do outro, comprando somente coisas que de fato agregarão valor para nós. Esse diálogo em família poderá até gerar algum tipo de conflito no início, mas com o tempo se tornará uma rotina agradável e saudável.

Dica 5 – Dívidas bancárias devem ser revistas

A taxa Selic foi reduzida para 2% ao ano, ou seja, o custo de captação do dinheiro diminuiu para os bancos. Logo, os juros cobrados do consumidor no cheque especial, empréstimos e financiamentos devem ser reduzidos também. Procure o seu banco; se ele se recusar a reduzir os juros, busque a portabilidade em outros. Caso também não consiga a portabilidade, suspenda os pagamentos (exceto contrato de financiamento): o banco virá correndo com uma excelente proposta para você.

Dica 6 – Tarifas bancárias e anuidade de cartão de crédito também deverão ser revistas

Hoje temos inclusive a opção dos bancos digitais, os quais não cobram tarifas. Parece bobeira, mas tem banco cobrando R$ 81,00 por mês de cesta tarifária. Multiplique isso por 12 e terá R$ 972,00 economizados, dinheiro que, ao invés de engordar o bolso do banqueiro, poderá usar com a sua família.

Dica 7 – Não despreze planos de curto, médio e longo prazo

Para que tudo isso faça sentido para você e sua família, estabeleçam sonhos de curto (viagem), médio (algum bem para você ou família) e longo prazo (faculdade, imóvel, aposentadoria). Reúnam-se periodicamente para que os sonhos estejam sempre em evidência.

Dica 8 – Invista cada centavo obtido com a economia gerada

A grana economizada quando fizer essa revisão e eliminar gastos excessivos, você deverá investir, gerando sua reserva financeira. Não vale gastar com outras coisas, heim? Mesmo que seja uma pequena quantia, crie o hábito de mensalmente poupar para formar uma reserva. Ela fará muita diferença ao longo do tempo.

Dica 9 – Evite ao máximo as compras parceladas

Estamos vivendo momentos de instabilidade econômica no mundo inteiro. Empresas fechando, desemprego, enfim, não sabemos como será o dia de amanhã. Controle sua ansiedade, faça a reserva financeira e compre à vista. Esqueça essa história de 10, 12 vezes sem juros.

Se você tem o hábito de achar que uma parcelinha aqui e outra ali não vão fazer diferença, preste atenção: fazem muita diferença! Normalmente quem faz muitos parcelamentos acaba ficando sem dinheiro assim que ele entra na conta. Comece a tentar juntar para pagar à vista e só parcelar o que for realmente necessário.

Dica 10 – Seguro de vida é fundamental enquanto sua família não tiver uma reserva financeira

Uma reserva financeira modesta deverá ser suficiente para garantir o sustento familiar por um período de dezoito meses. Ou seja, se você precisa de R$ 10 mil para manter sua casa, deve ter R$ 180 mil investidos. Já a reserva financeira dos sonhos que te dará liberdade financeira é de cinquenta vezes. Importante: seguro de vida é muito mais barato se for feito direto junto a uma corretora de seguros. Nada de fazer seguro em bancos.

Dica 11 – Invista seu dinheiro com sabedoria

Quando sobra um dinheiro para investir as pessoas correm ao banco, o que é um enorme erro, pois ali estão os piores investimentos do mercado, que mal conseguem superar a inflação. Apesar do mito popular de que na bolsa você irá perder tudo, é lá que estão os melhores investimentos do mercado, e mais: os riscos são calculados. Perdendo dinheiro você já está, e muito, deixando no banco.

No final das contas, quando estiver realizando o que queria tanto, você vai ver que todo esforço valeu a pena. Não tire o foco de seu planejamento. Boa sorte!