Falando de dinheiro com seus filhos
Evite que as férias escolares sejam sinônimo de despesas extras
Muitos pais defendem a tese de que as crianças não devem ter contato nem familiaridade com dinheiro. Já outros, como eu, as estimulam a ter esse relacionamento direto, na prática, através da administração da mesada, pagando pequenas contas e principalmente fazendo investimentos direto na bolsa de valores. Mas, calma, não se apavore, o pontapé inicial é o bom e velho cofrinho.
A “Educação Financeira” é um tema relativamente novo para a maioria dos brasileiros. A minha geração, por exemplo, não aprendeu na escola tampouco em casa com os pais. Por sorte morei um tempo com meus avós, descendentes de europeus, os quais me passaram os conceitos de educação financeira.
Quando falar de dinheiro com meus filhos?
Em minhas palestras e cursos país afora, é muito comum os pais me perguntarem a partir de que idade a criança deve ser inserida no universo das finanças básicas. E minha resposta é bem simples: “A partir de quando a criança começa a pedir as coisas, já é o momento de dizermos se é possível comprar aquilo ou não, e principalmente explicar quais são as prioridades familiares”. Não existe uma fórmula pronta. O que é certo para uma família pode não servir para outra.
Algumas dicas podem ajudar
Consenso entre os pais – É fundamental que pai e mãe conversem e decidam sobre como conduzir o assunto com seus filhos. Na dúvida, procurem ajuda de um especialista em gestão financeira familiar, que saberá exatamente como auxiliar nessa etapa. Se tiverem dúvidas, leiam, consultem a internet ou um profissional do ramo e cheguem a um consenso. Se os pais estiverem de acordo, terão mais segurança e tranquilidade para falar com seus filhos.
Coloque a teoria em prática – É sabido que os filhos se espelham nos pais; logo, o exemplo tem que partir de vocês. No dia a dia, os filhos observam como os pais se relacionam em todos os aspectos, inclusive no financeiro. Se eles perceberem que os pais lidam com o dinheiro de forma descontrolada, vivem discutindo sobre isso, trocando acusações, entenderão que essa situação é normal.
Nunca se esqueça de que os filhos estão observando as atitudes de seus pais o tempo todo. Portanto, falar de dinheiro em família é fundamental para o amadurecimento financeiro de todos.
Os filhos devem participar do orçamento familiar. Sua família ainda não age assim?
Que absurdo! Como evoluir financeiramente sem que a família tenha uma boa gestão sobre seus recursos finitos?! Dinheiro não aceita desaforo e precisa ser cuidado com extrema atenção. Família sem reserva financeira não tem qualidade de vida. Uma família precisa ter projetos, sonhos, conversando e se planejando para que eles sejam realizados.
Minha filha, por exemplo, tem a missão de todos os anos planejar nossa viagem de férias. Passo a ela o orçamento que temos, dentro do qual ela faz toda a programação.
Devo dar mesada para meus filhos?
Sim, deve. Porém nunca o suficiente para que o valor satisfaça todas as necessidades e desejos deles. Sempre tem que ser insuficiente para que passem a ter a noção do valor do dinheiro.
Obviamente, antes que seus filhos consigam entender as quatro operações – somar, diminuir, dividir e multiplicar –, a mesada não terá muita utilidade para a sua educação financeira; no entanto, existem métodos eficazes para isso.
Dos 5 aos 8 anos: leve em conta que o período de um mês para eles se torna uma eternidade. Por isso, indico que use o sistema da famosa “semanada”, ou seja, divida a mesada em semanas que, com o tempo, passam a ser quinzenas. Um parâmetro usado para estabelecer valores é 1 real correspondendo à idade da criança, por semana. Assim, aquela de 5 anos recebe 5 reais por semana.
De 9 a 12 anos: considerando que aqui a criança já está administrando de forma quinzenal, é hora de a mesada se tornar mensal, como também de começar a ensiná-la a investir dinheiro no Tesouro Direto, por exemplo. Ou seja, ensiná-la de que, do valor recebido, é necessário guardar parte dele. É possível investir no Tesouro Direito a partir de R$ 35,00 mês. Essa é uma forma de começar a transferir para os filhos a responsabilidade sobre compromissos financeiros.
Quem ama, educa!!
Se você não quer que seu filho sofra privações financeiras severas no futuro, é sua obrigação prepará-lo para isso, introduzindo conceitos financeiros, como planejamento, economia e investimentos. Ensine-o onde e como economizar na compra daquilo que ele deseja para que faça bom uso do dinheiro.
Num primeiro momento é normal que ele se recuse; porém, quando perceber que usou todo o dinheiro e que o próximo recebimento está muito distante, virá o sentimento de frustração que também faz parte do aprendizado.
As férias escolares são o período em que temos mais tempo para aplicar esses conceitos aos nossos filhos. Portanto, mão na massa.
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