“Não Perturbe” – Novidade de bancos para conter assédio no crédito consignado
Programa “Não Perturbe” favorece apenas os bancos
Mais uma mentira deslavada vendida pelos bancos como se eles fossem os Mocinhos da história. Afirmo tratar-se de uma mentira porque não estão preocupados em não incomodar o consumidor com ligações persistentes, e sim com a concorrência desleal entre os próprios bancos. Logo, o intuito principal é promover uma autorregulação para a oferta desse tipo de serviço, de forma a evitar a concorrência desleal, que em geral é praticada por instituições financeiras que tentam, por insistência, obter contratos visando empréstimos consignados, e não beneficiar os aposentados poupando-os de ligações importunas.
Segundo matéria publicada na revista “Exame”, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) anunciaram no último dia 8 uma série de medidas para desestimular o assédio de instituições financeiras interessadas em oferecer, por meio de ligações telefônicas, crédito consignado a aposentados. São elas: Agibank, Banco Alfa, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banrisul, Barigui, Bradesco, Banco BMG, BRB, Caixa Econômica Federal, Cetelem, CCB, Daycoval, Estrela Mineira, Banco Inter, Itaú-Unibanco, Mercantil, Pan, Paraná Banco, Safra, Santander, Sicredi e Votorantim.
Como funciona o “não perturbe”?
O consumidor que desejar não receber as ligações será obrigado a entrar em contato e fornecer o CNPJ da empresa que está ligando. Entendeu? É isso mesmo! Só será possível bloquear as ligações se a pessoa entrar em contato com o canal do “não perturbe” e informar o CNPJ da empresa que está ligando. Caso contrário, o consumidor continuará recebendo as ligações indesejadas.
Banco tem vários CNPJs
Um único banco tem vários CNPJs e correspondentes bancários. Portanto, é praticamente impossível o aposentado conseguir a informação do CNPJ correto para cancelar as ligações. A não ser que as pessoas que estão ligando forneçam o número correto do CNPJ da empresa, o que sinceramente duvido muito que irá acontecer.
Dificuldades de acesso
Não são todos os aposentados e pensionistas que têm acesso à internet tampouco familiaridade com computadores, internet e aplicativos. Falo com base na experiência obtida com meus clientes e até mesmo parentes próximos na melhor idade. As dificuldades e insegurança são muitas.
Se dá para complicar, por que facilitar?
Se a ideia do “Não Perturbe” fosse beneficiar o consumidor, o inverso deveria ser feito: todas as ligações seriam proibidas e o consumidor que tivesse algum interesse em recebê-las entraria no sistema para cadastrar seu telefone.
Mas por que não fizeram dessa forma, então?
Simples. Imagine apagar do cadastro de uma empresa todos os contatos dos seus clientes. O custo operacional para conseguir esses contatos novamente ou, então, esperar a boa vontade desses clientes para voltar a te procurar seria incalculável.
O sistema “Não Perturbe” é um lançamento do Ministério da Justiça e da Febraban
Perceba que Judiciário e Bancos caminham juntos, de braços dados.
No país da piada pronta, nem meme ou emoji ou qualquer outra reação de rede social soaria mais como piada.
Muito maior repulsa me causou o chefe de Comunicação Social do INSS Marcelo Limas elogiando a Febraban pela iniciativa, o que nos mostra de fato de que lado o Ministério da Justiça e o INSS estão. A delação premiada do ex-ministro Antônio Palocci já deixou claro que o sistema bancário está tão envolvido quanto as construtoras no sistema de corrupção do país. Sim, Segundo Palocci os bancos estão envolvidos na Lava Jato.
Bancos cobram juros ilegais no empréstimo consignado
Instrução Normativa do INSS estabelece que os juros máximos do consignado para aposentados e pensionistas sejam de 2,08% ao mês; no entanto, os bancos cobram 2,50% de juros ao mês. Num contrato de R$ 30.000,00 com 72 meses para pagar, essa diferença de juros cobrados a maior chega a R$ 6.850,44.
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