Quando a saúde paga a conta
Por: Marcelo Segredo
Ansiedade, Depressão e Dinheiro não combinam.
Algumas pessoas entram em depressão e crises de ansiedade porque estão endividadas, já outras ficam endividadas porque estão com elas. A questão é que o endividamento desencadeia sérios transtornos psicológicos, bem como diversos problemas de saúde, até mesmo um infarto.
Neste artigo estaremos apresentando casos reais sobre o tema bem como uma pesquisa recente de uma renomada universidade americana, bem como a entrevista que concedi para a Revista Você S/A à alguns anos. Recordo-me que na época dessa entrevista a Associação Brasileira do Consumidor era a única entidade que alertava sobre as consequências do endividamento para a saúde dos devedores.
Caso Real – Uma tragédia familiar ocorrida no dia 16 de abril de 2009 chocou o Brasil inteiro. À época, a empresária Roselaine, da cidade de Novo Hamburgo (RS), matou o marido, a filha, a irmã e a sobrinha e depois se suicidou. A polícia encontrou cartas da empresária no local do crime, declarando que não queria que pessoas tão amadas fossem expostas à situação de endividamento, com visitas de oficiais de justiça, penhora de imóvel e demais bens familiares, uma vez que sua empresa estava em processo de falência. O caso em questão é apenas um entre tantos que, infelizmente, continuarão acontecendo. Independentemente da repercussão ou anonimato da história de cada pessoa, o fato é que o endividamento é um grave problema social e merece atenção redobrada.
“O endividamento é um processo cruel de exclusão social,
lançando a vítima num abismo de angústia, depressão e ansiedade”
Marcelo Segredo
De acordo com uma pesquisa realizada, em 2014, pela Universidade Northwestern, dos Estados Unidos, as dívidas pode prejudicar todo o nosso organismo e provocar uma reação em cadeia, elevando a probabilidade de doenças graves como úlceras e derrames. O estudo demonstrou que tudo começa em nossa mente. O cérebro interpreta a dívida como uma ameaça e aciona as glândulas suprarrenais, que produzem os hormônios associados ao estresse. O endividamento abala a saúde mental e pode abrir espaço para depressão, dependência química, além de afetar o relacionamento familiar e o desempenho profissional. A autoestima baixa, a vergonha e a impotência diante do problema contribuem para fortalecer o sentimento de fracasso. O conteúdo foi divulgado no Brasil por meio de uma reportagem da revista Você S/A, que entrevistou grandes especialistas da área médica e contou com minha participação como analista financeiro.
EXPERIÊNCIAS
Há mais de vinte e cinco anos, trabalho para ajudar pessoas que lutam para reduzir dívidas bancárias e já vivenciei e evitei muitas tragédias familiares provocadas por problemas financeiros. Com base nessa experiência, posso afirmar que o endividamento traz sérias consequências para a saúde física e mental. Podemos numerar três responsáveis dentro deste cenário: o consumidor pessoa física ou jurídica, os bancos e o poder público. No entanto, é importante ressaltar que a maioria das pessoas assumem dívidas por causa de motivos extremos como queda na renda, doenças, desemprego e outros problemas. Por outro lado, o sistema financeiro se aproveita da situação e cobra juros abusivos que agravam ainda mais a situação do endividado. O governo, por sua vez, não investe em educação financeira e muito menos se preocupa em estabelecer limites para evitar que os bancos cobrem taxas, tarifas e juros abusivos.
Surge então a pergunta: devo trocar uma dívida cara por uma mais barata? NÃO. Ultimamente tenho atendido várias pessoas por meio de nossa Clínica Financeira e percebo que o brasileiro está cada vez mais endividado – o que pode agravar ainda mais a crise econômica do País nos próximos anos. Gostaria de destacar aqui o caso de duas pessoas que me chamaram a atenção.
No primeiro exemplo, darei o nome fictício de Maria, que recebe uma aposentadoria de R$ 834,00 e possui 13 cartões de crédito. Suas dívidas ultrapassavam a marca de R$ 35 mil. Ela foi pegando empréstimo em um cartão que cobrava juros mais baratos, para cobrir a dívida de outro cartão que cobrava juros mais caros. Pois ela seguiu o conselho de algum “economista” que sugeriu a troca de uma dívida cara por outra mais barata e provocou um endividamento sem fim, quando comparado à sua renda. No outro caso, uma funcionária pública possuía dívidas com três bancos, por meio de 23 produtos bancários diferentes (empréstimos, cartões, cheque especial, renegociações etc.) e acumulando uma dívida que passava de R$ 90 mil.
Vale lembrar ainda do caso de um empresário que tem trocado “dívidas caras” por outras “baratas” com um banco, desde 2009, e somente agora percebeu que o seu “grande parceiro” virou o seu pior inimigo. Quando ele percebeu, já havia oferecido como garantia ao banco o seu prédio comercial e imóvel residencial. Neste caso, a solução foi simplesmente fechar a torneira que saciava a sede dos bancos. Isso significa que ele deixou de pagar os juros abusivos.
Nosso trabalho é feito em duas frentes, para resolver questões de consumidores e empresas. Em ambas, fazemos com que os bancos reduzam o valor da dívida e ofereçam descontos acima de 50% do saldo devedor e parcelamentos sem juros, adequados à atual renda do devedor. É preciso ter pulso firme quando tratamos com o sistema bancário e não ceder às pressões.
Vamos resolver seu problema?
A Associação Brasileira do Consumidor nasceu da tentativa de suicídio de um endividado, e entende exatamente como ele pensa e age. Sabemos como conduzir e resolver seu problema financeiro e emocional através da nossa Clínica Financeira. Somos a única entidade especializada na Defesa do Consumidor Bancário preparada para atender Pessoas Físicas e Jurídicas com problemas financeiros. Tratamos o financeiro e também o emocional, resgatando a autoestima, a dignidade e a saúde financeira.
Termino esse artigo deixando uma frase para reflexão de autoria de Martin Luther King. “A covardia coloca a questão: ‘É seguro?’ O comodismo coloca a questão: ‘É popular?’ Mas a consciência coloca a questão: `É correto?´.” Em algum momento temos que tomar uma posição que não é segura, não é elegante e não é popular. Entretanto, temos que agir porque a nossa consciência nos diz que esta é a atitude correta.
Comments (2)
[…] psicológica praticada pelos bancos deveriam ser consideradas crimes, afinal levam o endividado à angústia, depressão, crises de ansiedade, dependência química e até mesmo casos de suicídio . Na […]
Muito Obrigado por seu comentário.