Política Política, Negócios a Parte…
POLÍTICA POLÍTICA, NEGÓCIOS À PARTE…
Extra! Extra! O candidato à Presidência da República Fernando Haddad acaba de descobrir que os bancos ganham muito à custa do pobre consumidor. E mais: diz que “é muito difícil empreender no Brasil por conta dos juros abusivos cobrados nos créditos rotativos” (sic).
Sim, o trecho acima foi escrito com ironia, tal como foi o discurso do candidato. Ora, se o Partido dos Trabalhadores esteve no poder durante mais de uma década, exatamente no período em que os bancos tiveram a maior ascensão da sua história, é impossível que só agora eles tenham percebido que tudo que foi feito em prol das instituições financeiras aconteceu em prejuízo do povo.
Principalmente por culpa do PT, o sistema bancário foi completamente blindado, com a ajuda também dos Poderes Legislativo (onde a maioria tenta a reeleição agora) e Judiciário (STF e STJ). Apenas para ilustrar, lá vão alguns exemplos:
– A aprovação de regras para alienação fiduciária, com a retomada dos bens (carros, casas, apartamentos, etc.) pelos bancos no próprio cartório, sem o direito de defesa de quem está perdendo a sua propriedade. Ah, claro! Com juros abusivos.
– Um dos produtos mais perigosos do mercado também é fruto do governo petista: o crédito consignado. Este resultou na retenção de quase ou a totalidade dos salários de trabalhadores e aposentados, que ficam sem uma saída, já que o seu dinheiro é descontado diretamente da folha de pagamento, com juros abusivos, e anda querem comprometer mais 20% das rescisões trabalhistas. São esses que dizem defender o trabalhador?
Isso sem contar que as empresas não possuem mais capital de giro. Os juros abusivos cobrados fazem com que qualquer valor que entre na conta da pessoa jurídica seja simplesmente sugado, inviabilizando a atividade empresarial. Ou seja, os empresários não têm nem mesmo condições de gerir o seu próprio patrimônio. Visitas aos gerentes de bancos nunca foram tão recorrentes para liberação do mínimo para sustentar funcionários e impostos. Tudo, sempre, com juros abusivos.
E para não dizer que se privilegia esse ou aquele partido, é bom dizer que nenhum candidato hoje apresenta propostas concretas para trazer equilíbrio nas relações entre os bancos e o povo.
O líder das pesquisas, Jair Bolsonaro, entende que “ninguém colocou uma arma na cabeça da pessoa para pedir dinheiro emprestado” (esse gosta de arma mesmo). Além dele, temos também dois candidatos que, se não são banqueiros, têm ou tiveram uma relação muito íntima com o mercado financeiro, que são Henrique Meirelles e João Amoedo. Já Geraldo Alckimin conta com um discurso politiqueiro de que a chegada ou abertura de novos bancos no país faria com que a taxa de juros caísse (Quem garante? Ele?). Os demais seguem a mesma linha.
Pode parecer que a crítica é para os políticos e para os partidos, mas na verdade não é. O grande problema é a conscientização do povo sobre o cartel dos bancos instalado no país, onde em plena crise financeira, ainda tem banqueiro registrando recordes de lucros líquidos e praticando cada vez mais abusividades. Pensam e agem como se estivessem acima de tudo e de todos, em especial da Constituição Federal e do Código de Defesa do Consumidor. Entretanto, se não for por meio do povo, é impossível mudar o sistema impregnado no país.
Marcelo Segredo, diretor presidente da Associação Brasileira do Consumidor (ABC)
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