Bancos incentivam cliente a dar calote
É mais vantajoso deixar de pagar a dívida que pagá-la em dia. Não, amigo leitor, não estou ficando louco. Essa afirmação baseia-se em provas reais e muito bem fundamentadas.
Atuo no segmento de defesa do consumidor bancário há mais de 20 anos, atendendo cerca de 100 (cem) endividados por mês (PF e PJ), com a mesma história de sempre.
Juros Cheque Especial
Ao fazer uso do limite do cheque especial, paga-se em média 12,25% de juros ao mês. Ao pedir um empréstimo no banco, digamos, o Itaú, por exemplo, ele vai cobrar em média 7% ao mês de juros; ou seja, precisou de crédito, você vai ser explorado.
Isso sem falar daquele “economista” que aparece na TV te orientando para trocar a dívida cara por outra mais barata, em conversa com o gerente do banco. Não caia nessa!
Não importa como esteja a situação econômica do Brasil, o lucro dos bancos brasileiros se mantém alto, tanto em momentos de crise como nos de prosperidade, conforme um artigo publicado na última quinta-feira (02/02) pela revista britânica “The Economist” (original em inglês aqui). No artigo é apresentado o setor bancário lucrativo no período da hiperinflação, na década de 1980 e início dos anos 1990, e durante a maior recessão econômica que houve no país, entre 2015 e 2016. De acordo com a revista britânica, o momento agora é menos turbulento. Entretanto, mesmo assim os bancos registram lucros elevados.
Acompanhei o caso de um cliente que acumulou uma dívida, entre juros de cheque especial e cartão de crédito, de R$ 42.682,85, junto ao Banco Itaú.
Conforme as orientações de um “conceituado economista” da Rede Globo, esse cliente procurou o banco e fez um empréstimo para cobrir o saldo devedor. Aproveitando-se da situação, o banco obrigou essa pessoa a contratar um seguro de R$ 3.862,72, praticando o crime de venda casada. Detalhe: por se tratar de profissional autônomo, ele jamais vai conseguir usar esse seguro no caso de inadimplência. Além disso, há os impostos; afinal, o governo também ganha com seu endividamento. Ou seja, ao contratar R$ 48.168,63 em 39 parcelas de R$ 2.982,35, meu cliente vai pagar o total de R$ 116.311,65, a juros mensais de 5,72% ao mês. Portanto, veja a mágica: R$ 42.682,85 viraram R$ 116.311,65, dos quais R$ 68.143,02 são juros abusivos. Isso é ou não é um assalto à mão armada?
Itaú estimula cliente a tornar-se inadimplente
Acompanhei meu cliente em uma reunião com o gerente de sua conta buscando taxa de juros menor, pois sei que o Banco Itaú chegou a cobrar juros de 2,5% ao mês no mesmo período.
Juros menores para inadimplentes
Na agência, fomos informados que de fato o banco oferece juros bem menores, mas apenas a clientes que deixaram de pagar a dívida. Quer dizer, se você usa os limites oferecidos pelo banco para alguma emergência e procura esse mesmo banco, pedindo para reduzir os juros, ele oferece uma taxa ainda mais elevada. Mas se você ficar inadimplente por um período mínimo de 90 dias, aí o banco vai te procurar e oferecer juros bem menores.
Se o meu cliente pagasse a dívida a juros de 2,5% ao mês, seriam 39 prestações de R$ 1.947,75, no total de R$ 75.962,41; ainda extremamente alta, porém R$ 40.349,23 a menor.
Como você pode observar, o próprio sistema bancário induz o consumidor a se tornar inadimplente, já que não há flexibilidade, não há diálogo, mas coação, venda casada e, por que não dizer, extorsão financeira.
O pior cego é aquele que não quer enxergar
Pois é, isso nos leva a refletir que o STF, STJ, Ministério Público, órgãos governamentais de defesa do consumidor e afins fecham os olhos para essa descaramento nacional, dando as mãos à impunidade de quem é coadjuvante da profunda crise financeira que estamos enfrentando. juros cheque especial santander
“É bem verdade que as pessoas não percebem o nosso sistema bancário e monetário, pois se percebessem acredito que teríamos uma revolução antes de amanhã de manhã.” – Henry Ford.
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